quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Um gordo no mundo dos magros...


Existem fatos que são irreversíveis - a genética está aí para provar esta afirmação. Meus pais, que nunca foram magros, transferiram para mim uma indesejada herança, a temível obesidade.
Sou de um tempo em que ser eleito o “bebê do Toddy” era a glória. Essa eleição era patrocinada pelo tal “Toddy”, um achocolatado repleto de calorias… O modelo de saúde na época precisava ser roliço e ter uma carinha rosada e rechonchuda. O gordinho deveria ter, desde cedo, aquele semblante de engraçadinho feliz… Minha mãe, como todas, sonhava em me transformar no maravilhoso bebê do concurso: roliço e risonho…
Felizmente, nunca fui escolhido. Continuei, entretanto, mantendo os quilos excedentes, conquistados com muito Toddy e todo tipo de mingau. Na escola, não escapei dos malditos apelidos. Teve um que eu odiava: Bolinha! Homenagem que faziam aos gordinhos da classe, inspirados numa revista infantil em que um simpático personagem era sempre desprezado pela sua amada, a Luluzinha que, como não poderia deixar de ser, era apaixonada por outro - um menino rico e magrinho…
Minha vida continuou sem muitos problemas, com a inocência e a felicidade que só a infância nos proporciona. Minha maior preocupação eram os quilos a mais que já começavam a incomodar. Na adolescência descobri o que isso representava. Nos bailes, gordinho dançarino precisava contentar-se com a menina que sobrava na festa. Para ser sincero - a mais feinha. Os gordinhos eram a salvação delas…
Depois, veio o tempo da apresentação no Exército. O “sargentão” já escolhia suas vítimas no primeiro dia. No olhar dele, todos podiam ler: eu acabo com esse gordinho! Na educação física, o infeliz era o último a chegar, ofegante, quase morrendo, mas precisava pagar pela incompetência - cinqüenta apoios para o “preguiçoso” incompetente. Tá querendo me enrolar, berrava o desgraçado do sargento… A vontade das vítimas era responder: estou querendo é te matar, infeliz.
Chega uma época em que o gordo, não suportando mais, entra na era dos regimes e fórmulas mágicas: dieta da água, da sopa, dos legumes, da Califórnia, da China e do escambau. Uma delas me encantou, me encheu de esperança: emagreça dormindo, dizia a propaganda (descobri que emagrecer dormindo é mais difícil que aprender japonês em quinze dias…).
Todas funcionam! O gordo emagrece dois quilos na primeira semana. Na segunda, enlouquecido de vontade de comer churrasco, de saborear lasanhas cheias de queijos e de tomar a cervejinha gelada, come e bebe de tudo até ficar triste, juntando culpa com remorso… Como não poderia deixar de ser, recupera os dois quilos perdidos e mais quatro pelo exagero cometido…
Toda essa estória é para contar um segredo - fiz mais uma dieta! Antes de realizá-la meditei bastante: sou um cara que, apesar das muitas utopias, nunca desisti de lutar pelo que acredito. Tenho amigos leais e inimigos que me dão orgulho por jamais terem sido meus amigos… Consegui, também, com esforço e persistência, vitórias que me deram alegria e felicidade. Não conseguia aceitar a realidade - por que só a gordura estava conseguindo me derrotar?
Decidi mudar de vida. Resolvi emagrecer. Não posso morrer com essa derrota no meu currículo. Para encurtar a estória, consegui emagrecer vinte e cinco quilos. É uma experiência fascinante que preciso tornar pública. De vez em quando esqueço que sou (estou) magro. Quem foi magro a vida toda nunca vai entender esta sensação. Até me acostumar, serei um gordo vivendo num estranho mundo - o dos magros.
Um mundo repleto de fatos, para mim, inusitados: não repetir pratos. Não ligar para doces e esquecer que existe mocotó e feijoada é estranho. Entrar num bar e tomar UMA cerveja é algo quase inacreditável. Entrar numa loja e as roupas servirem é um sonho. Todo dia descubro uma novidade, mas existe algo que preciso revelar: a reação das pessoas, principalmente dos gordos, uma confraria impiedosa composta de amigos transformados em “miseráveis invejosos” que te policiam incansavelmente…
Cada festa é um teste de resistência. Oferecem todo tipo de bebidas e comidas maravilhosas, todos dizendo que um dia de exagero não engorda nada, que tartaruga come pouco, não faz exercício e vive muito… Um deles, me deu uma grande “força”. Disse “Vala, da mesma forma que ex-gay, não existe ex-gordo - você vai engordar tudo de novo”.
Outro, falou “deixa de bobagem, cara, depois de velho você inventa essa frescura de emagrecer…”. Um “fofoqueiro de plantão” me contou, para meu desespero, que ouviu alguém falar: “tá vendo o Vala - ou virou gay ou tá com mulher nova”… Para desgosto de muitos, faz seis meses que estou magrinho, dizem algumas fãs (eles não acreditam) que estou parecido com o Brad - o Pitt, claro!
Estou resistindo bravamente, não sei até quando, mas aos poucos estou me convencendo de que não sou gordo - sou apenas um ex-gordo no maravilhoso mundo dos magros. Estou com a pressão normal, correndo sete quilômetros por dia e apto a praticar, com competência comprovada, “todas” as atividades físicas.
Acreditem! Tornei-me um ser humano saudável e, certamente, com muitos anos de vida pela frente. Podem acreditar os meus fiéis inimigos…

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Resultados fracos

Começo essa semana relatando que os resultados de minha dieta estão muito acanhados. Fico um pouco decepcionado comigo mesmo por não me esforçar o suficiente, mas não considero a parada perdida. Continuo refletindo e traçando novas estratégias para conseguir o objetivo final, que é ter um corpo esbelto e saudável. Uma modificação que começo a implementar nesta semana é almoçar de manhã. Na minha contabilidade de pontos há um grande consumo na parte da manhã e não sinto a saciedade na mesma proporção, quando comparado ao almoço. Então decidi almoçar de manhã e lanchar na hora do almoço. Assim, consumo os pontos, tenho saciedade proporcional, não fico que nem um desesperado comendo muito na hora do almoço e com aquela moleza no expediente da tarde. Comecei hoje e me sinto bem. O problema é cozinhar de manhã. Como moro sozinho, vou ter que diariamente colocar meus dotes culinários em prática.